quinta-feira, setembro 05, 2019

Normandia 2019 dia 6

terça-feira, 6-08-2019 Le Mans - Poitiers 422Km


Se ontem foi o dia D, hoje só poderia ser o dia C, de Château, usando a língua dos nossos anfitriões.
O dia começou cedo, como é costume, e constava de uma ligação até Orleães, onde iríamos visitar a Catedral e a casa onde viveu Joana d’Arc, curiosamente só por algumas semanas, e daí até chegarmos a Poitiers, local da pernoita de hoje, iríamos visitar tudo o que era castelo.
Começámos por circular em belas estradas, até chegar a Orleães.




























Ouzouer-le-Marché





Monumento da batalha de Coulmiers 
E assim chegámos a Orleães, estacionámos junto à Catedral e fomos dar uma volta pela cidade. Começámos por visitar a Catedral, monumento gótico, construído entre 1278 e 1329 e entre 1601 e 1829, depois de ter sido parcialmente destruída em 1568.
Supostamente terá sido construída no local onde já existia uma antiga igreja que teria sido  construída  no ano de 330. Esta igreja primitiva também continha um pedaço da Verdadeira Cruz, que foi descoberta em Jerusalém por Santa Helena, mãe do imperador Agostinho.
Oficialmente inaugurada a 8 de maio de 1829, apresenta torres de 88 metros de altura e três rosáceas. O ponto mais alto da catedral, a torre do sino, atinge uma altura de 114 metros. Curiosamente o facto que mais contribuiu para a divulgação da Catedral foi a sua associação com Joana d'Arc. Ao que consta a heroína francesa participou da missa da noite nesta catedral em 2 de maio de 1429, enquanto estava na cidade para levantar o cerco. E esta? como diria o outro...
















De seguida caminhámos pela  Rua Jeanne d'Arc, até à casa onde a heroína francesa e santa canonizada pela Igreja Católica viveu durante algumas semanas.O não coroado Carlos VII enviou Joana juntamente com um exército para tentar solucionar o Cerco de Orleães e após apenas nove dias de acção, a batalha terminou com um resultado favorável aos franceses e Orleães foi libertada. Mais tarde, após o fracassado Cerco de Paris, a popularidade de Joana perante  a nobreza francesa começou a decair.  Em 23 de maio de 1430, ela foi capturada e começou a ser julgada por diversas acusações de cunho religioso pelo bispo Pierre Cauchon. Foi declarada  culpada e  foi condenada à morte na fogueira. Joana foi executada em 30 de maio de 1431, aos 19 anos de idade, e a sua morte a tornou mártir e fez aumentar o fervor patriótico francês contra os ingleses. Em 1456, um tribunal inquisitorial foi autorizado pelo Papa Calisto III para examinar o seu julgamento, esmiuçando as suas acusações e proclamando a sua inocência,  declarando Joana como uma mártir da igreja. Ela foi beatificada em 1909 e canonizada em 1920 pelo Vaticano, sendo actualmente uma dos nove padroeiros da França.


O próximo destino seria Chambord, com o seu imponente palácio inserido num não menos imponente parque. Até lá chegar ainda passámos por Cléry-Saint-André.


E eis que nos surge a entrada no Parc de Chambord.









O Castelo de Chambord é um dos mais conhecidos castelos do mundo devido à sua arquitetura em estilo Renascentista francês que combina as formas medievais francesas tradicionais com as estruturas clássicas italianas. Quanto a quem se deve o projeto de tal obra... só há teorias não comprovadas, pelo que estamos conversados.
Curioso é que sendo o maior palácio do vale do rio Loire, foi construído apenas para servir de pavilhão de caça para Francisco I. O palácio contém 440 salas, 365 lareiras e 84 escadarias, coisa pouca para um pavilhão de caça. Outra coisa curiosa acerca de Chambord é que durante os 32 anos do reinado de Francisco I, o rei passou lá apenas 7 semanas englobadas em curtas visitas de caça. Isto deveu-se a que era muito complicado aquecer o palácio e a não haver povoações nas proximidades onde se pudesse arranjar comida. Isto aliado ao facto de na altura não haver Ikea.... fez com que o palácio permanecesse sem mobília, e a pouca que existia tinha de ser facilmente desmontável para poder ser transportada. 
Mais recentemente, em 1939, pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, as coleções de arte do museu do Louvre incluindo a Mona Lisa e a Vénus de Milo foram guardadas em Chambord. Um bombardeiro norte-americano caiu em cima do relvado do parque no dia 22 de junho de 1944.
O palácio tornou-se propriedade do governo da França em 1930. 









Daqui seguimos para Blois, cidade situada nas margens do Loire que  delimita e une  Beauce na margem direita e  Sologne na margem esquerda. Foi também aqui que almoçámos.


















Já mais aconchegados, seguimos para Cheverny. Importa explicar que a nossa ideia relativamente aos castelos, era vê-los por fora e registar o momento. Visitar por dentro implicaria um acréscimo de tempo de que não dispúnhamos. Isto funcionou lindamente em Chambord, onde pagámos a entrada no parque, e podemos fotografar a parte de fora, mas nos restantes a coisa era de outra maneira, o parque era grátis e a entrada só para fotografar o exterior obrigava à aquisição de bilhetes. Ora assim sendo as fotos ficavam caras, pelo que tivemos de recorrer a métodos menos ortodoxos, chamemos-lhe assim, para ficarmos com alguma recordação.
Cheverny, ao contrário de Chambord, é habitado em permanência pelos actuais proprietários, numa ala não aberta ao público. Mantém o  mobiliário e a decoração do século XVII. Famosa é também a sua matilha composta por 50 cães de caça,  e cuja refeição constitui, por si só, um espectáculo. Mais um facto curioso é que foi em Cheverny que Hergé, o criador de Tintin se inspirou para o seu Castelo de Moulinsart.





não gostam mesmo de mirones 
O próximo destino foi o Castelo de Chaumont-sur-Loire, situado numa elevação com excelente vista para o Rio Loire. Originalmente construído no Séc.X, foi mandado queimar e arrasar por Luís XI. Depois disso Carlos I de Amboise, procedeu à sua reconstrução  entre 1465 e 1475, ficando a parecer o castelo da Disney que todos conhecemos.  Em 1560, o Castelo  foi comprado por Catarina de Médici, um ano após o falecimento do seu marido, o Rei Henrique II. A Rainha recebeu numerosos astrólogos no palácio, entre os quais Nostradamus. Em 1938, a propriedade é cedida ao Estado, e  passa a ser um Estabelecimento Público de Cooperação Cultural desde janeiro de 2008.









Sempre na margem do Loire, seguimos até Amboise, bonita cidade, onde nos sentámos numa esplanada, relaxamos e, claro, havia mais um Castelo, ou melhor dois, o Castelo de Amboise, e o Castelo de Clos Lucé.

O castelo de Clos Lucé construído em meados do século XV, foi adquirido em 1490 pelo rei Carlos VIII  para a sua esposa Ana da Bretanha. Mais tarde foi usada pelo Rei Francisco I, sendo que este monarca o emprestou em 1516 a  Leonardo da Vinci como  lugar para ficar e trabalhar. Leonardo chegou com três das suas pinturas: Mona Lisa, Sant'Ana, e São João Batista. Leonardo viveu em Clos Lucé durante os últimos anos da sua vida, até à sua morte, ocorrida no dia 2 de Maio de 1519. Diz-se que o solar está ligado por uma passagem subterrânea ao Castelo de Amboise, do qual dista 500 metros, para permitir que o soberano visitasse o homem de ciência com toda a discrição. 
Actualmente, Clos Lucé pertence à família Saint Bris e alberga um museu, o qual reflete a prestigiosa história da região e inclui diversos modelos das várias máquinas desenhadas por Leonardo.






 entrada do castelo de Amboise


 Castelo de Clos Lucé








A saga dos castelos continuava, faltava Chenonceau, bonito palácio construído pelo arquitecto Philibert Delorme. Também conhecido como Castelo das Sete Damas,  a sua história está associada a sete mulheres de personalidade forte, duas das quais rainhas de França.

Catherine Briçonnet, esposa de  Thomas Bohier que reconstruiu o castelo entre 1515 e 1521 foi a primeira mulher do castelo. Seguiu-se-lhe Diana de Poitiers, amante do rei Henrique II, a quem este ofereceu o palácio. Depois da morte de Henrique II, em 1559, a sua  viúva e regente, Catarina de Médicis despojou Diana da propriedade e tornou-se a terceira mulher do palácio.
Com a morte de Catarina de Médicis, em 1589, o palácio passou para a sua nora, Louise de Lorraine-Vaudémont, esposa de Henrique III. Outra amante tomou posse em 1624, quando Gabrielle d'Estrées, a favorita de Henrique IV, habitou o palácio, e já vamos em 5 mulheres e 2 amantes...

O Castelo de Chenonceau foi comprado pelo Duque de Bourbon em 1720. Pouco a pouco, este vendeu todos os conteúdos do palácio. A própria propriedade foi, finalmente, vendida a um proprietário rural chamado Claude Dauphine. A esposa de Claude , Madame Louise Dupin, trouxe a vida de volta ao palácio ao receber os líderes do Iluminismo: Voltaire, Montesquieu, Buffon, Bernard le Bovier de Fontenelle, Pierre de Marivaux, e Jean-Jacques Rousseau, e ficou a ser a 6ª dama.

Por fim em 1864, Daniel Wilson, um escocês, comprou o palácio para a sua filha, que se tornou na 7ª dama, por pouco tempo, pois  gastaria uma fortuna em festas de tal forma elaboradas que as finanças foram delapidadas, sendo o palácio desapropriado e vendido a José-Emilio Terry, um milionário cubano, em 1891. Terry vendeu-o em 1896 a um membro da sua família, Francisco Terry. Em 1913, a família Menier, famosa pelos seus chocolates, comprou o palácio, mantendo a sua posse até hoje.






Acabados os castelos, foi altura de seguir até Poitiers, local de pernoita de hoje.
Pelo caminho, pela França rural, ainda passámos por Civray-sur-Esves.



Chegados a Poitiers, foi altura de admirar a Catedral de St.Pierre, jantar em agradavél esplanada e apreciar a  Igreja Notre-Dame la Grande de Poitiers e a sua esplêndida iluminação.



Por hoje estava feito, fica o mapa e o filme do dia:







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