terça-feira, junho 22, 2021

As Travessias do Tejo – Dia 3

Portagem - Almada 218km

Depois de uma noite de grande trovoada e alguma chuva, o dia estava mesmo bom para passear, solarengo e com temperatura amena.

Iniciamos o nosso passeio com uma visita às ruínas da antiga cidade romana da Ammaia, em São Salvador da Aramenha.

Trata-se de uma cidade originária do século I , da qual até à data somente 25% foi pesquisada.

Há alguma informação disponível na net, a nós confesso que nos desiludiu, mesmo sem termos uma ideia definida do que iríamos encontrar. Tiradas algumas fotos para recordação, continuamos o regresso a casa.











Foi a falar de Ammaia e do que falta fazer para que aquilo se venha a parecer com qualquer coisa, que chegamos a Portalegre. Não entramos na cidade, circulamos por fora e tomamos o rumo de Avis. Antes disso paramos na bonita vila de Seda, onde tomamos um café em movimentada esplanada.



Ao chegar a Benavila percebemos que a albufeira do Maranhão estava bem cheia, pelo que alteramos os planos e fomos ver o paredão da Barragem.












Daqui para Cabeção onde iríamos almoçar, o melhor caminho era pela Herdade de Camões, e foi por aí que fomos andando até chegar ao Restaurante A Palmeira.



Depois de almoço, já faz parte da coisa, ir beber uma água ao Açude do Gameiro, e foi o que mais uma vez fizemos.

Cheirava cada vez mais a fim de festa, e daqui a casa foi um pulinho, e ainda registamos mais umas.



Chegados a casa fomos recebidos como sempre, de braços abertos…


Fica o filme do dia.



PS- vou começar a estudar os afluentes...


quinta-feira, junho 17, 2021

As Travessias do Tejo Dia 2

Sábado,12 Junho 2021 Abrantes - Portagem 265km

Depois de tomado o excelente pequeno-almoço do hotel, foi com algum espanto que quando saímos à rua reparámos que tinha chovido durante a noite.

O programa de hoje, o último em termos de travessias, contava com 4 pontes, 2 barragens, embora passássemos por 3, mas a de Cedillo que trava o curso de dois rios, o Tejo e o Sever, só permite a travessia do Sever e só ao fim de semana.

Para além destas tínhamos a, para nós, cereja no topo do bolo, que seria a travessia do Tejo por barca, a Barca da Amieira.

Logo á saída de Abrantes e ainda antes da ponte fizemos uma breve visita ao Aquapolis – Parque Ribeirinho de Abrantes, onde vimos a Ponte Rodoviária de Abrantes de outra perspetiva.


O  sossego do local era tal que o registámos.

Apreciado o, a esta hora, deserto parque, demos início à nossa décima travessia.

A Ponte rodoviária de Abrantes foi inaugurada em 1870, sendo a mais antiga desta viagem, tem o comprimento de 339 metros e liga Abrantes a Rossio ao Sul do Tejo.

Construída por um consórcio francês e, durante 75 anos explorada em regime de concessão, passou para o Estado em 1945. Pouco antes de perfazer 100 anos o tabuleiro foi alargado, com projeto de Edgar Cardoso.


Não pudemos deixar de registar a Central Termoelétrica do Pego e o nome de uma localidade pouco mais à frente.



Rapidamente chegámos a outra travessia, neste caso a Ponte das Mouriscas como é por ali conhecida.

A Ponte Rodoferroviária de Alvega ou Ponte do Pego une Alvega e Mouriscas. Por ela passa o Ramal do Pego, um ramal da Linha da Beira Baixa construído pela EDP para acesso dos comboios com carvão provenientes do porto de Sines que abastecem a Central Termoelétrica do Pego. A ponte foi construída em 1992, sendo que a ponte original, para comboios, foi construída em 1881.


Aproximava-se a travessia da primeira barragem da viagem. Foi no meio de bonitas paisagens que fomos andando para a Barragem de Belver, sendo que antes disso ainda fomos visitar a Praia Fluvial da Ortiga.






A Barragem de Belver está localizada no distrito de Santarém, na bacia hidrográfica do rio Tejo. A construção foi finalizada em 1952.

Possui uma altura de 30 m acima do terreno natural e um comprimento de coroamento de 327,5 m. A capacidade instalada de produção de energia elétrica é de 80,7 MW.

A albufeira da barragem submergiu um troço do antigo muro de sirga do Tejo.

Possui a primeira passagem de peixes construída em Portugal, em 1947, do tipo Denil que, mais tarde, foi substituída pela eclusa agora existente. No entanto, esta tem pouca eficácia, segundo um estudo realizado em 1990.

Nunca tínhamos passado em Barragens em que se passa literalmente por dentro das instalações.





Daqui sai um trilho pedestre que vai até à Praia Fluvial do Alamal. Nós optámos antes por ir de carro.

A praia Fluvial do Alamal é bem bonita. Com o altaneiro Castelo de Belver do outro lado do rio, e com a praia bem composta de gente, com infraestruturas a condizer e a funcionar, obrigou-nos a estacionar e, notem bem…a fazer parte do seu passadiço!










De volta ao objetivo da viagem, encontrámos de seguida a fotogénica Ponte de Belver.

A Ponte de Belver unindo Belver a Gavião, foi inaugurada em 1907, é uma ponte com tabuleiro metálico e tem o comprimento de 239 metros divididos por quatro vãos. A ponte esteve encerrada entre 6 de janeiro de 2016 e 12 de junho de 2017 para a execução de trabalhos para a reabilitação e reforço estrutural da ponte e alargamento do tabuleiro.





Aproximava-se o ponto alto, a barca, e foi pelo Portugal profundo que fomos andando até próximo de Envendos, a que se seguiram 3 km assinalados como estrada sem saída.




Até que chegamos à Barca da Amieira.

Agostinho Matos comanda a barca que faz a travessia do Tejo entre Evendos, no concelho de Mação e Amieira do Tejo, no concelho de Nisa.

A travessia foi agora retomada e, habitualmente, a passagem é rápida porque o leito do rio não é muito largo.

No passado era muito útil para a população da Amieira que ia apanhar o comboio da linha da Beira Baixa na estação Barca d’Amieira – Envendos, que fica numa das margens do Tejo.


Quando vimos a foto acima, começamos a imaginar o pior. A barca sem ninguém ao pé, a estrada de acesso na outra margem cortada, eram sinais de que algo não estava bem.

Foi aos gritos para a outra margem que conseguimos que este pescador e o barqueiro, que se vê em primeiro plano nos dissessem que não havia barca, nem sabiam a que horas iria haver.

Perante isto pensámos que o melhor para manter o passeio com o itinerário idealizado, seria ir dar a volta à Barragem do Fratel e voltar à Amieira para recomeçarmos  o passeio como se tivéssemos feito a travessia.

Passado pouco tempo estávamos à conversa com o pescador e com o Barqueiro, e foi então que este nos explicou que quando a Barragem turbina a mais de 400m cúbicos por segundo não há condições de segurança para fazer a travessia. Questionado sobre se demorava muito, logo nos disse que o rio estava a baixar muito devagar, que ainda deviam estar uns 500m3, e que provavelmente só lá para o fim da tarde seria possível fazer a travessia.

Ficam algumas fotos da barca que não nos transportou, tiradas da margem sul.



Como o que tem de ser, tem muita força, lancei uns impropérios e seguimos viagem.

Um ano depois concretizamos finalmente a viagem na Barca da Amieira.

De seguida visitamos o Castelo de Amieira do Tejo, e a capela que lhe é adjacente. Trata-se da Capela de S. João Baptista, que me despertou a curiosidade por saber que o seu teto tinha umas pinturas, digamos que intrigantes.

O santo padroeiro da minha terra é S. João Baptista e lembro-me de bem novinho ir ver a procissão de dia 23 de junho que consistia em levar o andor do santo, desde a igreja de Almada até à Capela de S. João da Ramalha. No dia seguinte o santo voltava para a Igreja de Almada. Só anos mais tarde entendi uma frase que a minha avó sempre dizia:

- O Santo vem dormir com a Santa.

Isto criou em mim a ideia de que o João Baptista era um bocadinho malandreco, o que os desenhos do teto da capela de Amieira do Tejo só comprovam.

Na verdade de entre os motivos com elementos vegetalistas, geométricos, figurativos e animais fantásticos, sobressai o caixotão central onde uma mulher aparece rodeada por órgãos sexuais masculinos. Intrigante tal coisa no teto de uma Capela, mas ao que consta há quem veja que a junção da figura feminina e dos falos masculinos sugere um quadro à fertilidade.

A imagem em questão que deu origem a toda esta prosa é a seguinte.




Quanto ao castelo datado de 1362, mas muito bem conservado, registamos estas.




As travessias aproximavam-se do final e antes da Barragem do Fratel fomos visitar o Passadiço da Barca da Amieira, que une a Barragem do Fratel à Barca da Amieira, e que atendendo ao sentido em que rolávamos nos obrigou a algumas “piscinas”, tanto para o acesso ao parque como para sair rumo a Castelo Branco, visto as inversões de marcha serem proibidas durante largos km .

Visitámos o miradouro transparente sobre o Tejo, a foz da Ribeira de Figueiró e a ponte de arame suspensa. Bonito, pena a hora a que por lá passamos, já que o calor se fazia sentir com grande intensidade.









De seguida passámos a Barragem do Fratel. Localizada nos limites dos distritos de Castelo Branco e de Portalegre, a Barragem do Fratel situa-se entre as Portas de Ródão e a foz do Rio Ocreza. A sua construção foi finalizada em 1973.

A Central Hidroelétrica de Fratel possui uma altura de 43 m acima do terreno natural e uma cota de coroamento de 87 m. A capacidade instalada de produção de energia elétrica é de 132 MW.

A albufeira da barragem submergiu uma boa parte dos núcleos de gravuras rupestres do Tejo e um troço do antigo muro de sirga do Tejo.



Seguimos para Vila Velha de Rodão onde fomos almoçar, por um caminho algo peculiar.





Tivemos ainda oportunidade de passar pelo troço de Vilas Ruivas que se disputava esta tarde, integrado no Rali de Castelo Branco.






Antes de Vila Velha registamos o Castelo do Rei Vamba por onde já passamos anteriormente (LINK)

Já mais aconchegados, passamos a nossa última ponte, a décima terceira.

A Ponte de Portas de Ródão, ou Ponte Metálica de Vila Velha de Ródão, é uma ponte sobre o rio Tejo, na Estrada Nacional 18, ligando a margem norte, em Vila Velha de Ródão, à margem sul, no município de Nisa, em Portugal.

Foi inaugurada em 1888, é uma ponte com tabuleiro metálico e tem o comprimento de 167 metros, apoiada em dois pilares centrais de granito.

Foi alvo de obras de beneficiação concluídas em 1996. As vias de rodagem ocuparam o antigo espaço dos passeios e alargou-se o tabuleiro para criar novos passeios para peões com 75 cm de largura.



Foi novamente pelo Portugal bem profundo e por estradas municipais sem trânsito algum, que passamos por Vinagra, Pé da Serra e Montalvão até chegar à Barragem de Cedillo. Esta só é passível de ser transposta aos fins de semana, e somente na parte que ao Rio Sever diz respeito.

A Barragem de Cedillo marca a entrada do Rio Tejo no território português após o seu curso internacional de cerca de 40 km, onde a margem Norte é portuguesa, e a margem Sul espanhola. Neste ponto também conflui o Rio Sever, que prolonga a fronteira para Sul. A barragem define a fronteira Portugal-Espanha. Também separa o Distrito de Castelo Branco do Distrito de Portalegre.

Final da nossa viagem, não conta como travessia, pois na verdade só vamos atravessar o rio Sever que desagua no Tejo mesmo no paredão da barragem.

Tem esta barragem a particularidade de ter as duas extremidades em território português, sendo, no entanto, uma barragem totalmente espanhola.








De travessias estava feito, foram 13 pontes, 2 barragens e uma travessia por barca que não foi possível concretizar.

Mas o dia de hoje só terminava em Portagem, pelo que seguimos por Espanha, por uma estrada com retas intermináveis onde a “cobra” atacou forte. Ainda espreitámos as localidades de Cedillo e Valência de Alcântara e claro, atestamos a preço menos caro.

Depois do excelente jantar ainda registámos Marvão da janela do quarto.



Por hoje estava feito, fica o filme do dia.