domingo, junho 26, 2022

Borda d’água, Aldeias Avieiras e Lezírias do Tejo (2ª parte)

Sábado, 18 de Junho de 2022

Terminado o almoço, foi altura de seguir viagem. O primeiro destino foi o cais palafítico e a aldeia Avieira da Palhota.

Crê-se que, em meados do século XIX, fosse em carroças ou em barcos, algumas famílias de pescadores de Vieira de Leiria, começaram a dirigir-se para o Tejo. Os rigores do mar, por alturas do inverno, não lhes permitiam arriscar a pesca, pelo que, sazonalmente, foi no Rio Tejo que encontraram a sua forma de sustento.

Inicialmente, toda a sua vida, era feita inteiramente no interior das suas pequenas embarcações. Com o passar dos anos, foram ficando e acabaram por se fixar ao longo das margens, onde construíam barracas de madeira, cobertas com caniços e assentes em palafitas, que os protegiam das cheias do rio.

Os outrora pescadores marítimos de Vieira de Leiria, tornaram-se assim, em Avieiros do Tejo; hábeis pescadores fluviais, que adaptaram técnicas, embarcações e artes, a um rio, então repleto de peixe.

A Palhota terá sido um dos primeiros assentamentos dos pescadores de Vieira de Leiria que sazonalmente vinham ao Tejo pescar sável.

A aldeia foi formada há cerca de um século, o nome estará associado a uma estalagem e situa-se na margem direita do rio Tejo.

A Palhota tem cerca de duas dezenas de casas com a traça da arquitetura avieira.










A Aldeia de Palhota:

Admirada a Aldeia de Palhota, seguimos para Valada do Ribatejo, que embora não seja uma Aldeia Avieira, é bem bonita e com uma esplanada à beira Tejo bastante convidativa.

Saliente-se também o recente cais construído junto da praia fluvial que está normalmente lotado com embarcações residentes.  Pode também contar com um posto de acostagem de 20m de comprimento, normalmente reservado ao varino “Liberdade”.  Existe ainda uma rampa para barcos, no entanto esta encontra-se num elevado estado de degradação.






Saímos de Valada pela já nossa conhecida Ponte Rainha D.ª Amélia com destino a Porto Sabugueiro.


Porto Sabugueiro é apresentado como sendo um assentamento correspondente  a um antigo porto, que ainda pertence à Casa Cadaval, que chegou a contar com cerca de sete barracas só em madeira e sem pilares em cimento no núcleo original, como é frequente nestes sítios.

Não gostámos do que vimos, trata-se de meia dúzia de casas sem qualquer interesse, o que aliado aos grandes pingos de chuva que começaram a cair, nos levou rapidamente dali para fora.



O rio em Porto Sabugueiro

Foi altura de rumar ao Escaroupim. Já por lá passámos algumas vezes, mas trata-se de uma das mais bonitas Aldeias Avieiras da zona.

Escaroupim é uma típica aldeia piscatória, formada em meados dos anos 30 por pescadores oriundos da Praia da Vieira (Marinha Grande), que sazonalmente vinham ao Tejo fazer as campanhas de pesca de inverno, sobretudo o sável, procurando no Tejo o sustento das suas numerosas famílias. Muitos destes pescadores foram ficando pelas margens do Tejo, deixando de ir à sua Praia da Vieira, e assim formaram pequenas povoações piscatórias aos longo do rio. Nestas povoações as habitações são feitas em madeira, pintadas de cores vivas e assentes em estacaria, de modo a estarem protegidas das frequentes cheias do rio. A peculiaridade das suas casas é extensiva aos seus barcos de pesca, também em madeira e pintados de cores vivas.

Alves Redol definiu estes grupo de pescadores como "nómadas do rio", pois eles representam uma das mais interessantes migrações que Portugal assistiu, durante os meses do Inverno famílias de pescadores, deslocavam-se de Vieira de Leira para o Rio Tejo, para pescar o sável, no princípio do verão voltavam novamente à sua terra natal, para pescar no mar.








O passeio aproximava-se do fim, e faltavam só dois locais, ambos bem perto de Salvaterra de Magos, para visitar.

O primeiro deles era a Praia Doce  conhecida em Salvaterra de Magos por  praia dos Tesos, como alguns ainda gostam de lhe chamar. A  sua beleza natural, faz deste pequeno recanto, um local que merece ser visitado e apreciado, e que merecia alguma manutenção, pois parece ter sido esquecido no tempo. Hoje decorria aqui um encontro motard, pelo que animação era coisa que não faltava.







Apreciados alguns exemplares mais radicais, seguimos para o Bico da Goiva.

O Bico da Goiva é literalmente um bico, onde termina a estrada de terra que sai de Salvaterra, com uma bonita paisagem para o rio Tejo. Tem um parque de merendas e um baloiço em cujo assento se pode ler: sentar e sentir.





De volta a Salvaterra registámos ainda o Clube Náutico, o Museu do Rio, e a Cabana dos Parodiantes.






E pronto, estava feito, daqui foi regressar a casa, mas fomos ainda passar por uma estrada que além de ser novidade, sempre tive curiosidade em lá passar. Trata-se da chamada Estrada do Campo, que mais adiante se passa a chamar Estrada do Camarão e que começa, na EN. 118,imediatamente antes do viaduto antes de Benavente. É completamente plana, bem pelo meio da Lezíria, com uma ponte sobre o Rio Sorraia e termina junto à Estalagem do Gado Bravo, já na EN.10.







A partir daqui foi seguir para casa, apreciando o gado que sempre se vê ao percorrer a EN. 118, registando ainda a antiga Ponte das Enguias, por onde se passava antigamente.  





Para terminar, ao chegar a casa fomos recebidos como de costume...de braços abertos.


Fica o mapa e o filme do dia: