quarta-feira, outubro 22, 2014

Marrocos 2014 dia 4

Domingo 07-09-2014 – Tendrara – Figuig -67,1 km asfalto + 194,7 km pista


O passeio ia em crescendo, e até a má disposição matinal passou num instante.
4º dia-os paparazzi atacam ao amanhecer


Arrumada a “casa” foi altura de nos fazermos ao caminho. A pista começava mesmo dentro de Tendrara, e para não fugir á regra saímos pela lixeira…. Impressionante o número de barracas e de pessoas que viviam nas imediações desta, e ao que parecia, por ali se abasteciam….
Rapidamente chegamos á estação do comboio de Tendrara, que está em ruínas e tem a particularidade de nunca ter sido utilizada, pois nunca se chegou a concluir a linha na sua totalidade. Foi construída na época da segunda guerra mundial por judeus provenientes de França, Polónia e Roménia. Existia aqui um campo de trabalhos forçados e os prisioneiros construíram a hoje abandonada linha, que ligaria o Níger a Oran no litoral Argelino, mas que nunca passou de Bechar, um pouco adiante da actual fronteira.
estação de Tendrara
estação de Tendrara
estação de Tendrara
estação de Tendrara
estação de Tendrara
Admirado que foi este pedaço de História, seguimos rumo a Chot Tigri, local palco de uma grande batalha da Legião Estrangeira em 26 de Abril de 1879. É também este local conhecido por ter um enorme manancial de água potável proveniente dos seus aquíferos, um dos maiores da África do Norte. Todo este espaço é de terra de cor ocre e rodeado por dunas e dunetes.
a caminho do Chot Tigri
a caminho do Chot Tigri
Chot Tigri
Chot Tigri
Chot Tigri
Chot Tigri
Chot Tigri
Ó pra ele no Chot Tigri...
Chot Tigri

E como o pessoal gosta é de andar, admirado que foi o Chot, rapidamente seguimos viagem rumo ao local de almoço. Fomos almoçar em 32º36.385’N 01º16.435’W, bem perto das grutas com pinturas rupestres de Aouinet.





dieta...



Digeridas as iguarias… seguimos até Ich, 32º30.852’N 01º00.258’W (nunca tinha andado por longitudes destas) bem pertinho da fronteira com a Argélia, mas onde não vislumbramos nenhum controle policial.
Ich é um nome berbere que significa "chifre".É igualmente esse o nome do monte fronteiro, que tem a configuração de tal apêndice.As casas desta pequena aldeia, sacrificada pelas guerras entre Marrocos e a Argélia, são feitas de terra e madeira, e as poucas famílias que restam , sobrevivem dificilmente da agricultura e pastorícia, já que o outrora próspero comércio com as vizinhas cidades argelinas desapareceu. A profusão de pinturas rupestres atesta a grande antiguidade do povoamento humano desta zona. Ich passa por ser a localidade de Marrocos situada mais a leste.

a caminho de Ich
Ich
Ich
Ich
Ich
Em Ich foi altura de rever os planos, inicialmente estávamos a pensar acampar aqui, mas estava vento e começava a pingar, polícia não havia e Figuig….era já ali. O pensamento de um bom banho e um jantarinho à maneira impôs-se e lá fomos dar mais umas gazadas até Figuig.O caminho era mesmo pela Pista Proibida, nome que se deve ao facto de ser uma pista militar e fortemente controlada por Marrocos e pela Argélia, mas ou as relações estão boas ou os militares andam bem escondidos…não vimos ninguém.
De Ich voltamos um pouco para trás e em 32º32.201’N 01º06.152’W lá entramos na pista proibida. Apesar do andamento ser vivinho, para não variar, ainda deu para apreciar toda a beleza desta pista e das montanhas que a ladeiam. Agora também posso encher o peito e dizer que também eu já fiz a pista proibida.

pista proibida
pista proibida
pista proibida
pista proibida
pista proibida
pista proibida
pista proibida
Até Figuig foi um instante e pelo caminho ainda saímos do percurso para ir a um posto militar um pouco afastado da pista mas que estava com militares, dar conta do nosso destino. Só à entrada de Figuig nos mandaram parar, receberam a “fiche” perguntaram se havia uma garrafa de scotch e mandaram seguir…
Ficámos no hotel Figuig para onde tínhamos reserva para o dia seguinte, mas tudo se resolveu, e foi a admirar o palmeiral de Figuig, classificado como Património Natural da Humanidade que bebemos um gin e mais tarde jantamos. Final em beleza para o 4º dia de passeata.
Figuig
Figuig
Figuig
Figuig
hotel Figuig
hotel Figuig
palmeiral de Figuig

terça-feira, outubro 21, 2014

Marrocos 2014 dia 3

Sábado 06-09-2014 – Taza– Tendrara 137,5 km asfalto + 194 km pista

Hoje iríamos finalmente entrar no Planalto do Rekam, motivo inspirador da viagem deste ano.
Alvorada às 6 e pouco, de modo a sair às 7 da matina, e mais uma vez, ainda não estava na hora e já todo o grupo estava pronto para partir. O dia de hoje prometia, finalmente iríamos fazer pista com fartura e começaríamos a circular no Planalto do Rekam.
Saídos de Taza, seguimos até Guercif onde nos abastecemos de pão, água e combustível para dois dias, bebemos um chazinho para descongestionar e dissemos adeus à civilização, a partir daqui iríamos andar mesmo pelo meio de nada.






 Mais uns km em alcatrão e em 33° 55.049'N e 3° 22.685’W entrámos em pista. Pedra, trialeiras e mais pedras e mais trialeiras….foi assim um bom bocado, mas chegados lá ao alto começaram os estradões, rápidos, mas a necessitarem de alguma atenção à navegação, pois as pistas paralelas eram mais que muitas. Mal entrámos na terra, aconteceu o primeiro furo da caravana, um bom rasgo num dos pneus da frente da Dodge do Zé Pereira, sim porque esta coisa dos furos toca a todos. Enquanto mudávamos a roda, claro que surgiram uns mirones, e um deles que chegou montado num burro, foi presenteado com um fato completo oferecido pelo Fernando. Depois de feito o nó da gravata, foi inesquecível ver a cara de satisfação dele envergando o casaco e a gravata por cima da roupa que trazia vestida, e montado no burro…
Mudado o pneu e dadas algumas lembranças foi altura de “soltar “ a cavalaria e dar largas ao prazer de rolar rapidinho por aquelas pistas maravilhosas.
Claro que até ao almoço, foi bem rápido, pudera…










Foi em 33º41.386’N e 02º52.605’W que paramos, montamos a tenda e fomos almoçar. Como não podia deixar de ser, passados uns breves instantes eis que “eles” começam a surgir. Desta vez foi uma mãe ainda com cara de adolescente acompanhada de seus filhos que apareceram. Também para eles se arranjou uns pacotes de leite, uns brinquedos e alguma coisa para comerem, mais uma vez ver aquelas caras de alegria fez valer a pena.






Acabado o almoço e arrumada a tralha toda, ala que se faz tarde, o ritmo continuou bem vivo, diria até que vivo demais pois em 33º16.644’N e 02º29.830’W tocou-nos a nós um furo, quer dizer, aqui não se fura, rasgam-se pneus.




Foi altura de experimentar os suportes para o Hi-lift, funcionaram lindamente. Trocada a roda e como ainda havia mais uma….toca a continuar vivinho. O ritmo só abrandava quando a pista desaparecia, levada pela força das águas. Impressionante os estragos que as inundações por aqui causam. Descobrir por onde se conseguia atravessar os oueds demorava o seu tempo e requeria alguma perícia para os transpor.Como alguém disse, e muito bem: Marrocos é um país assolado pela seca, em que o maior problema são as inundações.
















E foi neste ritmo que continuamos até chegar a Tendrara e montar o acampamento em 33.03.095’N 02º00.437’W
Tendas montadas, fogueira acesa, foi altura de grelhar uma carninha, acompanhada por um bom tinto do Alcube, e fazer um agradável serão até o “João-pestana” chegar.
Tendrara
Tendrara
Tendrara