quinta-feira, maio 28, 2020

Desconfinando

Pois é, assim que chegou um dia de sol, sentimo-nos imbuídos do mais patriótico sentido do dever tão apregoado pelo nosso Primeiro: ajudar a economia…
Na impossibilidade de ajudar a cultura, que ainda se encontra a confinar, fomos ajudar a restauração.

Saídos de casa, tomamos o rumo de Cabeção, e antes de chegar ao Couço, sentimos um apelo por ver a ponte sobre o Sorraia, que liga a EN.251 junto ao Monte Novo do Sol Posto à povoação da Escusa. Trata-se de um pontão estreito e sem protecções laterais, somente para uso agrícola. Ainda devia ir tudo a dormir, pois não tirámos nenhuma foto, nem da família de banhistas que estavam a jusante, nem dos apanhadores de enguias que estavam a montante.

Como ainda era cedo, passamos pelo interior da Vila de Couço, onde se desconfinava à porta dos cafés, nem sempre com a distância social de segurança devida.

Atravessada Mora, comentou-se que rarissimamente se segue para o Cabeção pela estrada com as indicações desta vila e do Fluviário, optando-se antes pela estrada com a indicação de Açude do Gameiro que se encontra sensivelmente 500 metros antes.

O Gameiro estava com boa afluência, quer a praia, quer o parque de merendas. Logo a seguir ao Fluviário seguimos pela estrada de terra do lado direito até a outro parque de merendas, este dá pelo nome de Parque de Merendas do Pinhal, e 1km depois chegamos ao Palmeira.
Só vos mostro o jarro do tinto feito pelo Sr. Bruno, e acrescento que a sopa de cação está cada vez melhor. As migas de coentros, o fidalgo e o bagacinho também da casa, completaram o almoço.


Depois disto, qual a única coisa a fazer? Claro, café e água das pedras no Gameiro.
Para isso fomos descendo e na rotunda logo a seguir ao fim da vila seguimos pela direita em terra para a, fiquei agora a saber, Ilha de Fábio, mas um pouco antes saímos do estradão principal e fomos ver se a viatura subia até ao Parque Ecológico do Gameiro. A coisa correu bem e lá fomos tratar da tal água. Retemperadas as forças, sim, estava a ser um dia cansativo, seguimos sem rumo certo.

A chegar a Coruche decidimos ir ao centro da vila. Encontrada uma esplanada à sombra, junto ao rio, não nos fizemos rogados, e após algum exercício para manter a boa forma física, foi já com a consciência tranquila que nos entregamos ao prazer de uma fresquinha e de um gelado.

o Sorraia em Coruche
o homem do leme

Foi durante a segunda fresquinha que um nome me veio à mente: Escaroupim.
Toca de seguir o map’s pelas EN. 114-3 e 367, passando por Glória do Ribatejo e Marinhais, onde atravessámos a EN118 e seguimos por umas estradas de terra até Escaroupim. A Vila é bem bonita, tem um Restaurante com bom aspecto, que no entanto estava fechado, tinha bastantes carros parados, mas à excepção do dono da empresa Rio-a-Dentro, que se dedica a alugar barcos para passeios pelo rio, tudo o resto se encontrava fechado… a um sábado à tarde…ali não se desconfina.
Escaroupim
Valada lá ao fundo

Escaroupim é uma típica aldeia piscatória, formada em meados dos anos 30 por pescadores oriundos da Praia da Vieira , que sazonalmente vinham ao Tejo fazer as campanhas de pesca de inverno, sobretudo o sável, procurando no Tejo o sustento das suas numerosas famílias, num Tejo rico em pescado, regressando à Praia da Vieira no Verão. Alves Redol definiu estes grupo de pescadores como "nómadas do rio", pois eles representam uma das mais interessantes migrações a que Portugal assistiu.









Olhando para a outra margem, avista-se Valada do Ribatejo, e sabendo que pela Ponte Rainha D. Amélia era um bonito passeio, lá fomos até Valada, bonita terra, onde à semelhança de Escaroupim, também nunca tinha estado. Lá nos vimos na obrigação de sentar numa agradável esplanada, mesmo junto ao rio, onde uns caracóis se começaram a meter connosco…escusado será dizer o que lhes aconteceu.

Valada do Ribatejo- caracóis à beira do rio

A Ponte Rainha D. Amélia, também conhecida por Ponte D. Amélia, é uma antiga ponte ferroviária portuguesa, que foi convertida para uso rodoviário. Foi inaugurada em 14 de Janeiro de 1904, como parte da Linha de Vendas Novas, tendo sido substituída em 2001 pela nova Ponte D. Amélia. Em 2001 foi alvo de obras e reconvertida para tráfego automóvel e pedonal, ligando deste modo, Muge, no concelho de Salvaterra de Magos, e Porto de Muge, no concelho do Cartaxo, bem como a localidade de Valada, que, antes desta ligação, ficava frequentemente isolada em períodos de cheia.










Foi mesmo até ao final da tarde que ali fomos ficando. Voltamos a atravessar a Ponte e seguimos para casa, com uma paragem técnica na Moita. Não havia Feira de Maio, mas a Cervejaria Campino continua lá.