quinta-feira, agosto 29, 2019

Normandia 2019 dia 5

segunda feira, 5-08-2019 Saint Lô - Le Mans 385Km


Hoje seria o dia D, o motivo inspirador desta viagem, finalmente iríamos ver todos esses lugares que ficaram para sempre gravados na História.
Saímos de Saint-Lô pela N13, e nela seguimos com a companhia de alguma chuva até Sainte-Mère-Eglise. Aqui tivemos a primeira impressão de que tudo o que nos rodeava tinha a ver com a guerra, mais propriamente com a libertação, com o chamado Dia D. São inúmeros os museus, as bandeiras americanas nos mais diversos locais, enfim, um conjunto de coisas que nos remete para um período sombrio da nossa história recente.

Em Sainte-Mère-Eglise, como não podia deixar de ser, fomos visitar o seu local mais icónico, a igreja que deu nome à vila. Foi esta vila  palco de sangrentos combates entre as forças para-quedistas Norte-americanas e o exército alemão. Para a posteridade e perpetuada por um manequim fardado e preso com o seu para-quedas à igreja, fica a história do soldado John Marvin Steele. Na noite de 5 de junho de 1944 os primeiros para quedistas americanos foram lançados e tornaram-se alvo dos alemães. O lançamento aéreo dos soldados norte-americanos tinha por objectivo facilitar o avanço das tropas que desembarcariam na manhã de 6 de Junho  em Utah Beach. Durante a descida, John Marvin Steele é atingido num pé. O para quedista ferido ficou pendurado na torre da igreja durante duas horas, fingindo estar morto, antes de ser feito prisioneiro pelos alemães. Quatro dias depois ele conseguiu escapar, e voltou à sua divisão quando as tropas do 3º Batalhão, 505º Regimento de Infantaria Pára-quedista, atacaram a vila. Jonh continuou a visitar a cidade durante toda a  vida e foi  cidadão honorário de Ste. Mère Église. A taberna Auberge John Steele , fica ao lado da praça e mantém a sua memória através de fotos, cartas e artigos pendurados nas paredes. Morreu em 16 de maio de 1969 em Fayetteville, Carolina do Norte.
No dia 6 de junho de 1944, às 4h30 da manhã, Sainte-Mère-Église estava sob o controle da 82ª Divisão Aerotransportada. Trata-se da primeira vila ocupada pelo exército alemão desde 1940, que foi libertada pelos ares.






O próximo destino seria Utah Beach, pelo caminho, não só aqui, mas em toda a zona do desembarque fomos vendo centenas de fotos como estas, singela maneira de homenagear alguns dos falecidos.





Um pouco antes de Utah, na zona de Audouville-la-Hubert fomos visitar uma zona de bunkers alemães. Embora mal conservados e vandalizados,  deu para entender os estragos que estes causavam a quem por ali quisesse entrar.








Praia de Utah foi o nome de código que os Aliados deram à praia mais a oeste de todos os sectores usados nos desembarques. O objectivo de conquistar o sector de Utah era assegurar uma cabeça de praia na costa mais ao norte da Península do Cotentin, próximo dos importantes portos de Cherbourg. Utah, juntamente com a Praia Sword no flanco leste, foram adicionadas ao plano de invasão apenas em dezembro de 1943. O Dia D em Utah começou à 01:30h da madrugada, quando unidades americanas de paraquedistas foram lançadas atrás das linhas inimigas. A 4ª Divisão de infantaria do exército americano desembarcou 21 000 homens em Utah no primeiro dia e sofreram 197 baixas. Cerca de 14 000 paraquedistas Aliados foram lançados e foram eles que viram os combates mais intensos, sofrendo 2 500 baixas, entre mortos, feridos ou desaparecidos. Cerca de 700 homens das unidades de engenharia, de tanques e da marinha foram mortos ou feridos por fogo inimigo.






















É em Utah que começa a Route  Voie de la Liberté













De Utah seguimos para a cemitério Alemão de La Combe. Pelo caminho passámos por:

Saint-Marie-du-Mont


O cemitério militar alemão de La Cambe é a última morada de 21.222 soldados alemães que morreram durante a Batalha da Normandia entre Junho e Agosto de 1944. O túmulo central do cemitério, dominado por uma grande cruz negra de lava basáltica com cinco metros de altura, inclui 207 soldados desconhecidos e 89 soldados identificados cujos nomes estão gravados nas placas de pedra ao pé da mesma. Em torno do túmulo são agrupados 49 campos rectangulares. Em cada campo há cerca de 400 sepulturas. 





Os locais históricos a visitar são tantos e o tempo tão pouco, que não nos podemos dar ao luxo de  estar muito tempo no mesmo local. Daqui seguimos para Point du Hoc, rochedo à beira mar situado num planalto sobre falésias de cerca de 30 metros de altura. Os alemães construíram ali uma posição de artilharia fortificada com   cinco casamatas para abrigar peças de artilharia de 155 mm. Esta posição visava defender a praia a leste de Pointe du Hoc que veio a ficar conhecida como Omaha e a oeste, Utah. Durante o dia D, tropas Norte-americanas, do Segundo Batalhão de Rangers tomaram a posição desembarcando na praia no sopé de Pointe du Hoc tendo escalado as falésias com equipamentos de alpinismo, cordas e escadas. Actualmente, a área de Pointe du Hoc é propriedade do governo dos Estados Unidos da América, que mantém o sítio intacto e nele construiu um memorial. Em 1984 o então presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan fez um discurso no local em comemoração ao quadragésimo aniversário do Dia D.








O próximo destino seria Omaha Beach, mais um nome de código para um dos cinco setores destinados à invasão. A praia está localizada de frente para o Canal da Mancha, e tem uma extensão de 8 km. Os desembarques ali eram necessários para unirem as duas frentes ofensivas, ligando o Exército Britânico que havia desembarcado a leste na Praia Gold, com as forças americanas que haviam chegado por oeste, da Praia de Utah. As primeiras ondas do ataque, compostas por tanques, infantaria e sapadores, foram cuidadosamente planeadas para reduzirem as defesas costeiras do exército alemão, afim de permitirem a aproximação de embarcações maiores. Dificuldades na navegação fizeram com que a maioria das lanchas de desembarque errassem os seus destinos ao longo do dia. As defesas eram inesperadamente pesadas, e infringiram muitas baixas às tropas americanas. Omaha foi dividida em dez sectores, denominados (de oeste para leste): "Able", "Baker", "Charlie", "Dog Green", "Dog White", "Dog Red", "Easy Green", "Easy Red", "Fox Green" e finalmente "Fox Red".

Foi mesmo pelo sector Charlie que entrámos e fizemos toda a praia até ao Omaha Beach Memorial.

sector Charlie






Sempre no nosso ritmo seguimos para o Cemitério Americano de Colleville-sur-Mer, não sem antes termos passado por mais um Museu, neste caso o Museu Overlord.



O cemitério oficialmente inaugurado em 1956, ocupa uma área de 70 hectares ,  tem vista para a praia de Omaha e é um dos 25 cemitérios permanentes dos Estados Unidos em solo estrangeiro. O terreno do cemitério é uma concessão perpétua feita pela França aos Estados Unidos. Nele estão os corpos de 9387 pessoas, incluindo 307 desconhecidos. Os túmulos dos soldados judeus americanos estão identificados com a estrela de David . Do memorial, partem em forma de raios vários caminhos que o atravessam até ao Jardim dos Desaparecidos. O jardim dos desaparecidos é feito de paredes em arcos sobre os quais são gravados os nomes dos desaparecidos. Estas inscrições listam os nomes das pessoas cujos corpos não foram encontrados, ou cujos corpos não puderam ser identificados.







Daqui era suposto seguirmos para Arromanches, onde iríamos almoçar, mas atendendo às horas e a que em Arromanches a confusão deveria ser grande, optámos por almoçar em Port-en-Bessin-Huppain, numa agradável brasserie onde comemos uns búzios e uns mexilhões realmente fora de série. Pena mesmo o serviço ser tão demorado.....estão a ver o restaurante O Barco em S. Teotónio? onde se come divinamente mas se espera muitooooo, este é da mesma linhagem....
Pelo caminho ainda registámos 2 monumentos :
Este :



E a  Église Notre-Dame-de-l'Assomption de Colleville-sur-Mer.



Os búzios estavam tão bons e o serviço foi tão demorado que nem registámos o local, mas .... quase tudo se resolve




Depois de uma boa seca, lá seguimos para Arromanches-les-Bains.

Durante o desembarque, a pequena vila, que fica localizada entre dois morros escarpados, foi escolhida pelos aliados para receber um dos dois portos artificiais "Mullberry", que foram utilizados para desembarque de tropas e equipamentos. Remanescentes desse porto, nomeado pelos Ingleses "Porto Winston", em homenagem ao seu idealizador, Sir Winston Churchill, ainda hoje podem ser observados na praia de Arromanches.
Estes portos consistiam em enormes caixas de betão, ocas, fabricadas em Inglaterra e rebocadas através do Canal da Mancha, que ao serem abertas as válvulas que possuíam, se enchiam de água e afundavam em cerca de 30 minutos.Dentro do dique formado por estas caixas, um engenhoso sistema de cais, pontes e docas flutuantes, permitia o rápido descarregamento dos navios ancorados ao lado.











Apreciada esta notável obra de estratégia e engenharia, seguimos para Juno Beach, mais um nome de código para mais uma praia. Esta ficou a cargo do exército Canadiano, que tinha como missão cortar a estrada Caen-Bayeux, capturar o aeroporto de Carpiquet a oeste de Caen e formar um caminho de comunicação entre as duas praias (de Gold e Sword) tomadas pelos britânicos.

a caminho de Juno Beach



Em Juno Beach foi construída uma gigantesca Cruz de Lorraine, esta cruz, o símbolo das Forças Francesas Livres, comemora o retorno do general de Gaulle.





marina de Courseulles-sur-Mer, onde se situa Juno Beach





Daqui seguimos para  Bénouville, onde fomos ver a Ponte Pegasus e entender o que foi a Operação Deadstick. Pelo caminho vimos muitos campos pejados de  "invasores".









Ponte Pegasus é o nome pelo qual ficou conhecida  a ponte sobre o Canal de Caen, em Bénouville, após ter sido tomada de assalto na madrugada de 06 de junho de 1944 por tropas britânicas transportadas por planadores comandadas pelo Major John Howard. O nome "Pegasus" deriva da insígnia que os militares ostentavam no uniforme, uma imagem de um cavalo alado, Pégaso. A ponte era basculante, elevava-se para a passagem de navios procedentes do Porto Fluvial de Caen. A ponte original foi removida para um museu próximo do local, tendo em seu lugar, sido erguida outra ponte, de características semelhantes, mais longa, e com elevação mais rápida.













Foi à captura desta ponte juntamente com outra localizada no Rio Orne, de forma a garantir a única saída para leste das forças britânicas desde o desembarque em Sword, que foi dado o nome de código de Operação Deadstick.
Nas imediações da ponte Pegasus fica o Memorial com o mesmo nome.








A partir daqui seguimos para Le Mans, onde seria o final do dia de hoje, e onde ainda tínhamos mais umas coisitas para fazer, mas isso ...já é outro post.

Fica o mapa e o filme do dia: