segunda-feira, agosto 19, 2019

Normandia 2019 dia 3


sábado, 3-08-2019 Mios - S. Nazaire 476 Km

O dia de hoje foi planeado partindo do princípio de que só era permitido passar na Passage du Gois durante 1:30h antes e depois da maré baixa, foi esta a informação que li no site onde me informei, ora …não era bem assim, pois chegámos à cancela do lado da ilha 2 minutos antes de, pensava eu, fechar, mas continuaram a passar carros até nos irmos embora, já do outro lado. Adiante, nem tudo corre bem, tinha sido bem mais engraçado ver aquilo com a água a subir, como se pode ver aqui, mas não foi possível.

O dia começou com uma ligação em autoestrada desde bem perto de Mios, passando a oeste de Bordéus e seguindo até La Rochelle. Aqui foi altura de estacionar e visitar a cidade, que diga-se é bem bonita e merece uma visita.

Do seu velho porto partiram para o Canadá no século XV, os primeiros colonos franceses. La Rochelle foi uma importante cidade portuária, e o seu centro reflete isso mesmo. Hoje em dia é lá que se situa a maior marina da Europa, o Porto de Plaisance de la Rochelle, na costa atlântica, inclui nada menos que 5057 ancoradouros. O porto tem a bandeira azul desde 1986.

No passado, é impossível esquecer o Cerco de La Rochelle, protagonizado por Luís XIII e seu ministro-chefe, Cardeal Richelieu. Os ingleses vieram em apoio de La Rochelle, último reduto dos protestantes em França, iniciando a Guerra Anglo-Francesa que resultou no cerco de La Rochelle(1627 e 1628) em que o Cardeal Richelieu bloqueou a cidade durante 14 meses, até que esta se rendeu. No final do cerco escasseava a alimentação e os habitantes de La Rochelle foram obrigados  a comer o que lhes restava: cavalos, cães, gatos. Quando a cidade acabou por se render, só restavam 5.500 sobreviventes dos 28.000 habitantes, a quem o rei Luís XIII concede perdão. Estima-se que, se La Rochelle não tivesse sido cercada, hoje ultrapassaria o milhão de habitantes, fazendo dela uma das principais cidades da França.

a caminho de La Rochelle

vinhas perto de Bordéus

Cathédrale Saint-Louis em La Rochelle


Tour de la grosse horloge

Tour de La Cheîne e Tour de Saint Nicolas

o porto velho

Tour de la Lanterne


l'eglise de Saint-Sauver


















La Rochelle merecia bastante mais tempo, mas queríamos mesmo passar na Passage du Gois, como tal, tirámos uma última foto aos coletes amarelos, e rumámos à ilha de Normoitier. Pelo caminho apanhámos uma boa seca com um acidente que nos fez estar parados perto de uma hora. Foi por estradas que passavam em zonas agrícolas que fomos andando até à ponte de Normoitier que nos levou até à ilha com o mesmo nome e da qual sairíamos pela estrada da Passagem du Gois.

Em fila por causa do acidente

o acidente






a ponte de Noirmoutier

entrada na ilha e a maré completamente vazia...

D948, a tal que fica submersa






A Passage du Gois

A Passage du Gois é uma estrada  localizada na baía de Bourgneuf, que liga  a ilha de Noirmoutier ao continente, na cidade de Beauvoir-sur-Mer. Tem a particularidade de  ser em  calçada, transitável na maré baixa e inundada duas vezes por dia, nas marés altas.

Existem outros lugares assim pelo mundo, mas a singularidade de Gois é o seu comprimento excecional de 4,125 Km  e no século XVIII era mais comprida, porque antigos diques avançavam para dentro do mar. A altura da água durante a maré alta abrange o intervalo de 1,30 metros a 4 metros, dependendo do coeficiente da maré. Desde 1971, há uma alternativa para a travessia, que é a ponte de Noirmoutier que liga a ilha ao continente.

Os paralelepípedos húmidos e escorregadios já fizeram parte do trajeto do Tour de France duas vezes, em 1999 e em 2011.  Também  todos os anos se realiza a Foulées du Gois, uma corrida contra a água que ocorre desde 1987. A prova começa no instante em que a maré começa a subir, e o objetivo é atravessar os 4,125 quilómetros da passagem antes que ela fique totalmente encoberta pelo mar. Os melhores atletas cruzam a linha de chegada com água pelos tornozelos, enquanto os últimos precisam terminar o trajeto a nadar. 




os refúgios de emergência











Estava visto o Gois, como foi por nós batizado, embora com sabor a desilusão, aquilo com água era muito mais engraçado. Cada vez que me lembro que nem almoçámos para chegar ali a horas...só me apetece carpir-me.

Adiante... próximo destino e local de pernoita de hoje era Saint Nazaire, cidade com um grande porto na margem direita do estuário do rio Loire , perto do Oceano Atlântico.  Dada a sua localização, Saint-Nazaire tem uma longa tradição de pesca e construção naval . O Chantiers de l'Atlantique , um dos maiores estaleiros do mundo, construiu notáveis navios como SS  Normandie , SS  França , RMS  Queen Mary 2 e MS  Symphony of the Seas , o maior navio de passageiros do mundo a partir de 2018 .

Durante a Segunda Guerra Mundial o local foi utilizado pela Marinha Alemã como base para seus submarinos, chamados de  U-boots. Entrou em operações em 21 de setembro de 1940 com a chegada do U-46, e o último submarino a deixar a base foi o U-255 que partiu em 8 de maio de 1943.

O complexo da base de submarinos é composto por três bunkers. Foi necessário o trabalho de 15 000 pessoas e a colocação de cerca de um milhão de metros cúbicos de betão. Os três bunkers de Keroman têm entre cinco e sete cavidades destinadas a acolher U-boots, cobertos por tetos de uma dezena de metros de espessura. Como  base submarina importante para os alemães, Saint-Nazaire foi alvo de uma incursão britânica em 1942 e foi fortemente bombardeada pelos Aliados até 1945.  Saint-Nazaire foi um dos últimos territórios da Europa a ser libertado dos alemães, em 11 de maio de 1945.

acesso à ponte de Saint Nazaire

Rio Loire






os bunkers vistos por dentro






Estava a terminar mais um dia, ainda demos uma voltinha a pé pela cidade e jantámos muito bem no Le Petit Goinfre, e começámos a provar os Bordeaux...


Fica o mapa e o filme do dia:






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