BLOG DO GRIST: Entre Douro e Minho

Quinta, 6 de Agosto 2020 Soajo e arredores 117km

Hoje tivemos um mau pensamento…começámos a pensar que fazer estas rotas se calhar é agradável.

Descartado tal inusitado pensamento, ligámos o carro e seguimos para a Porta do Mezio, uma das 5 portas do Parque Nacional da Peneda Gerês. As restantes portas são as do Lindoso, de Lamas de Mouro, de Campo do Gerês e Porta de Montalegre.

A Porta do Mezio tem como tema a Conservação e Biodiversidade. Muito conhecida é a sua mata que representa um laboratório vivo de observações e interpretações dos valores naturais, assim como a sua Anta. A Anta do Mezio está integrada no conjunto de monumentos megalíticos conhecidos por Antas da Serra do Soajo. Trata-se de um exemplar funerário pré-histórico edificado há cerca de 5000 anos.

Seguimos por agradável estrada até ao Miradouro do Tibo, onde nos deparamos com uma vista panorâmica de cortar a respiração. O Miradouro de Tibo, a 800 metros de altitude, é uma das mais belas varandas para contemplar a imponente Serra da Peneda.

A Senhora da Peneda lá ao fundo

Chegados a Rouças, há duas estradas para o Santuário da Senhora da Peneda, fomos pela que nos permitia passar por Gavieira e São Bento do Cando.

aqui seguimos pela esquerda

Passámos pela Porta de Lamas de Mouro sem parar, e seguimos até ao Santuário da Senhora da Peneda. Santuário edificado a 780 metros de altitude, junto de um morro agreste, muito utilizado para a prática da escalada.

Este local é palco de uma das mais concorridas romarias nacionais, a 7 de Setembro, altura em que a paisagem envolvente torna proporções ainda mais belas. O Santuário de Nossa Senhora da Peneda, tem como data provável de inicio da sua construção, os finais do século XVIII, a julgar pela data inscrita na coluna existente ao cimo da escadaria de acesso.

Acredita-se que neste local tenha existido uma pequena ermida construída para lembrar a aparição da Senhora da Peneda, cujo culto foi crescendo e motivou a construção do santuário.

Este lugar de culto é constituído pelo designado escadório das virtudes, com cerca de 300 metros e 20 capelas, com cenas da vida de Cristo, com estatuária que representa a Fé, Esperança, Caridade e Glória, datada de 1854, a igreja principal, terminada em 1875, o grande terreiro e o terreiro dos evangelistas.

Em Gavieira

a rocha da escalada

o escadório

Sobre a Nossa Senhora da Peneda contam-se duas lendas:

1ª - A Senhora da Peneda terá aparecido a 5 de Agosto de 1220, a uma criança que guardava algumas cabras, a Senhora apareceu-lhe sob a forma de uma pomba branca e disse-lhe para pedir aos habitantes da Gavieira, para edificarem naquele lugar uma ermida. A pastorinha contou aos seus pais, mas estes não deram crédito à história. No dia seguinte quando guardava as cabras no mesmo local, a Senhora voltou a aparecer, mas sob a forma da imagem que hoje existe, e mandou a criança ir ao lugar de Roussas, pedir para trazerem uma mulher entrevada há dezoito anos, de nome, Domingas Gregório, que ao chegar perto da imagem recuperou a saúde.

2ª - A outra versão diz-nos que a imagem de Nossa Senhora da Peneda teria sido encontrada por um criminoso natural de Ponte de Lima. Arrependido dos seus crimes, permitiu-lhe a Senhora o Dom de a Ter descoberto e de a manter consigo depois de tantos anos estar oculta. É de cor morena e o corpo, menos de palmo, com o Menino Jesus no braço. De pedra, foi mais tarde substituída por outra de madeira e que, actualmente, se venera. A imagem de granito, dizem, foi roubada entre 1927 e 1936.

Lendas à parte, ficam fotos do interior da Igreja.

Depois de um café retemperador seguimos para a Porta de Lamas de Mouro onde paramos numa bela sombra. Inaugurada em 2004 em resultado de uma parceria entre a Câmara Municipal de Melgaço e o Parque Nacional da Peneda-Gerês, esta foi a primeira das cinco portas do Parque, possuindo várias infraestruturas de apoio aos visitantes. Pelo caminho ainda vimos estes simpáticos ruminantes.

O próximo destino era Castro Laboreiro, onde pretendíamos visitar o Castelo e a Ponte Velha, para além de almoçar. Para lá chegar, passámos por Lamas de Mouro, freguesia do concelho de Melgaço, com 117 habitantes. A ponte velha vimos e fotografámos, mas do castelo.... só se vislumbra um monte de ruínas, pelo que demos zoom e ficou registado. Almoçamos no Restaurante Miradouro do Castelo.... deve o nome ao facto de ter umas janelas virada para as ruínas.

a ponte velha

conseguem ver o castelo?

Daqui seguimos para a nossa sexta, e última incursão por terras da Galiza, que não de Espanha,como os locais fazem questão de mostrar.

Pelo caminho fomos ver uma Ponte que data do Séc. I e que dá pelo nome de Ponte Nova, ou Ponte da Cava da Velha.

Trata-se de uma ponte romana situada sobre o rio Laboreiro em cavalete pronunciado, formando duas rampas inclinadas, assente em dois arcos de volta perfeita, com tamanhos muito desiguais, tendo o maior um vão de 10,5 metros e 7,5 metros de altura, e o menor, um vão de apenas 1,7 metros e 3,3 metros de altura. Os arcos são formados por aduelas almofadadas, e o pavimento é constituído por grandes lajes e guardas de cantaria. O tabuleiro tem cerca de 3 metros de largura, vencendo um vão total superior a 20 metros. Imediatamente antes também registámos a Capela de São Brás.

Capela de S. Brás

Daqui à fronteira é bem perto e foi próximo de Ameijoeira que finalmente entrámos numa estrada como deve ser, sinónimo de entrar em Espanha.

A partir daqui fomos a Bulbaces atestar pela última vez a preços mais decentes e seguimos pelo mesmo caminho de ontem até ao Soajo, pelo que pouco mais há a acrescentar.