quinta-feira, agosto 20, 2020

Entre Douro e Minho - dia 4

Domingo, 2 de Agosto 2020 P. de Lima - Barrega 114 km


Hoje foi dia de mudar de ares. Na altura em que idealizamos este passeio a ideia era seguir para a Galiza, mais propriamente para Santiago de Compostela, mas atendendo aos desenvolvimentos da pandemia, optámos por ficar pelo nosso cantinho. Barrega, localidade onde iríamos passar as próximas 3 noites, é uma pequena terreola localizada entre Fafe e Celorico de Basto, bem próximo do antigo troço do Viso, que foi entretanto alcatroado, e onde a Quinta da Fontinha nos disponibilizava tudo aquilo que procurávamos.
Ontem à noite ainda tirámos uma última foto à piscina que tanto apreciámos nos últimos dias.


Saímos à hora do costume e foi por nacionais que fomos andando até Braga. Todo o Minho tem inúmeras igrejas, santuários, conventos e afins, mas em Braga a coisa agiganta-se. Começamos por estacionar o carro no parque de S. Marcos e iniciámos  o nosso périplo pela Capela de Nossa Senhora da Conceição integrada no conjunto da Casa dos Coimbras, tendo sido construída, no início do século XVI, por mestres biscainhos, que trabalhavam, nessa época, em Braga. 


Seguimos para a Sé e pelo caminho registamos esta  na fachada de um bar:  











A Sé é mesmo ali ao lado e sobre ela tem de se dizer que é mais do que uma igreja, a Sé é um complexo catedralício composto por diversas manifestações do génio humano. Sagrada a 28 de Agosto de 1089 sob a devoção a Santa Maria de Braga, assenta sobre espaços de culto antecedentes. Aqui se encontram os túmulos de Henrique de Borgonha, conde de Portucale e sua esposa, Teresa de Leão, pais de D. Afonso Henriques. Acredita-se que a catedral foi construída num local onde existiu um templo romano dedicado à deusa Ísis. Ao longo dos anos e em diferentes períodos, a catedral bracarense viu o seu plano inicial ser alargado, apresentando uma mistura de estilos que vai desde o românico, ao gótico e ao barroco. Como quase tudo o que se pode visitar neste país que seja cultural, a visita é paga.











fachada do Dona Petisca, pena estar fechado
A caminho do Arco da Porta Nova, ainda passamos por mais uma Igreja, neste caso a Capela da Nossa Senhora da Torre,  construída entre 1756 e 1759, sendo o desenho da autoria do arquitecto André Soares. No topo da torre de Santiago encontra-se um conjunto sineiro e, na sua base, um oratório dedicado a Nossa Senhora da Torre, erguido como forma de agradecimento por a cidade ter sido poupada ao terramoto de 1755. 




Com isto tudo, eis-nos chegados ao Arco da Porta Nova, que  foi uma das portas nas muralhas da cidade, rasgada em 1512.  A sua actual feição data de 1772,  com projecto do arquitecto bracarense André Soares, num momento histórico em que a cidade rompia as antigas muralhas, expandindo-se. Encontra-se classificada como Monumento Nacional desde 1910.
Este arco é o responsável pela pergunta : És de Braga? 
Há várias teorias para esta expressão. Tais como, o facto do Arco da Porta Nova nunca ter tido uma porta. Como, na altura já não havia guerra e como a cidade estava a crescer para além dos muros, não foi colocada nenhuma porta naquele arco. A partir daí os habitantes de Braga ficaram conhecidos como aqueles que não fecham a porta. Assim, sempre que um bracarense deixa uma porta aberta, ouve de imediato " És de Braga? "















De volta ao centro, passamos pelo antigo Paço Episcopal onde não poderíamos deixar de registar o Chafariz do Castelo, situado no centro do Largo do Paço, data de 1723 e foi mandado erigir por ordem do Arcebispo D. Rodrigo de Moura Telles. O conjunto é encimado por uma imagem feminina que simboliza a Cidade.





Mais à frente encontramos "o Vigilante", obra do escultor Alberto Vieira que se encontra no Largo do Barão de São Martinho, bem perto do café A Brasileira, onde aproveitamos para beber um café.

O Vigilante



Reconfortados continuamos a saga das igrejas. De seguida encontramos a Igreja de Santa Cruz, construída no século XVII, em estilo barroco maneirista, e possui no seu interior talha dourada invulgar. A nave, muito alta, é formada por uma abóbada de pedra esquartelada. É de notar a talha dourada do órgão e dos púlpitos. O exterior é todo em pedra trabalhada com simetria central.




No Largo Carlos Amarante fizemos a foto da praxe, e também contemplámos a Igreja de S. Marcos. O edifício do Hospital e da Igreja de São Marcos datam do séc. XVIII e foram construídos  em estilo barroco. A verticalidade da Igreja, com as suas duas torres, contrasta com a horizontalidade das dependências hospitalares que se desenvolvem simetricamente, criando um conjunto harmonioso. A meio da fachada da Igreja, num nicho, podemos ver a imagem de São Marcos. O hospital destinava-se a assistir os pobres, peregrinos e viajantes que pernoitavam na cidade de Braga.

Ó pra eles....






Já a caminho do parque ainda registamos o Palácio do Raio, também referido como Casa do Mexicano. É um dos mais notáveis edifícios de arquitectura civil da cidade, em estilo barroco joanino.





Terminada a saga das Igrejas, já outra se fazia anunciar. Ia começar a saga dos Santuários...

Para isso fomos até ao Parque do elevador do Bom Jesus, onde fomos experimentar as emoções do mais antigo elevador em serviço no mundo a utilizar o sistema de contrapeso de água.
Construído por iniciativa do empresário bracarense Manuel Joaquim Gomes com o objectivo de substituir a linha dos americanos de Braga , que originalmente se estendia até ao santuário e que tinha de ter a sua tracção complementada por bois na íngreme subida em dias de maior afluência.
A inauguração ocorreu em 25 de Março de 1882. Funciona sobre uma rampa, sendo constituído por duas cabines independentes, ligadas entre si por um sistema funicular com contrapeso de água. Cada cabine tem um depósito, que é cheio de água quando no nível superior, e esvaziado quando no inferior. A diferença de pesos assim obtida permite a deslocação. A quantidade de água é calculada em função do número de passageiros nas cabines, a cada viagem.

No momento da partida o condutor da cabine inferior informa o da superior por um sinal sonoro a quantidade de passageiros nessa cabine. Então, o condutor da cabine superior vai encher o depósito com uma quantidade de água de acordo com o sinal que recebeu do inferior e de acordo com o número de passageiros nessa cabine.
O peso da água em conjunto com o peso dos passageiros faz então descer esta cabine e subir a oposta. Cada cabine tem ainda um travão para fazer regular o andamento e para abrandar e parar antes de atingir os batentes no final do percurso.
Estas cabines não têm motor e são abertas, sem portas nem janelas. Assim, o único som que se ouve em todo o percurso é o do rolamento das rodas da cabine nos carris e o som das aves ou do vento nas árvores dispostas ao longo do percurso, eventualmente com o som das conversas dos passageiros.

Distância: 274 m
Desnível: 116 m
Inclinação: 42%
Tempo de Viagem: 2,5 - 4 min., dependendo do número de passageiros
Velocidade média: 1,2 - 1,8 m/s







Chegados ao Bom Jesus de Braga ficamos a saber que se acredita que a primitiva ocupação deste sítio remonte ao início do século XIV, quando alguém terá erguido uma cruz no alto do monte Espinho. 

A partir de 1722, o então Arcebispo de Braga, D. Rodrigo de Moura Teles, concebeu e iniciou um grande projecto que desembocaria no actual Santuário
Classificado desde 1970 como Imóvel de Interesse Público, foi classificado como Património Mundial da Humanidade a 7 de Julho de 2019 durante a 43ª sessão em Baku, Azerbaijão.











Para baixo viemos pelas escadas, a ver se os gémeos seriam abençoados, pois ainda se faziam notar os efeitos das caminhadas ao marco nº1 e à Cascata do Pincho.
Logo à saída do Bom Jesus, tivemos um dos pontos altos do dia: a estrada mágica, trata-se de uma estrada diferente das outras.  Aqui, os carros sobem quando deviam descer. Imaginem-se a descer uma estrada e, quando põem o pé na embraiagem ou deixam o carro em ponto morto, ele descai para a vossa retaguarda em vez de rolar levemente no sentido para que estão virados. É de deixar qualquer um pasmado!


A explicação racional para este facto é que há uma percepção de inclinação negativa – a ideia de estarmos a descer para uma zona mais baixa – que nos é dada pelo facto de a rampa desembocar numa estrada cuja inclinação é bastante acentuada. O que de facto sucede é que a rampa está inclinada positivamente, ou seja, a subir para uma zona onde desemboca com outra estrada com ainda maior inclinação positiva. Como elas estão em paralelo e a inclinação de uma é bem maior que a outra, criamos a ilusão de que estamos a descer até ao cruzamento quando na verdade estamos a subir na sua direcção.
A melhor maneira de entender a coisa é ir lá... é intrigante.

Seguiu-se o Santuário do Sameiro. A história deste santuário iniciou-se em 14 de Junho de 1863. O fundador deste santuário foi o vigário de Braga, Padre Martinho António Pereira da Silva,  que em 1869 fez colocar, no cume da montanha, uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. 
Neste templo, concluído no século XX, destaca-se no seu interior o altar-mor em granito branco polido, bem como o sacrário de prata. Em frente, ergue-se um imponente e vasto escadório, no topo do qual se levantam dois altos pilares, encimados com a imagem da Virgem Maria e do Sagrado Coração de Jesus.









Para além do atrás referido, e de não menos importância, é o facto de que para lá se chegar, o caminho é a Rampa da Falperra. 






Chegados a  Guimarães entendemos que por aqui decorriam as festas da cidade, e  a confusão era mais do que muita, pelo que demos uma volta entre o Castelo e o Paço dos Duques de Bragança e pouco mais.







Seguimos para a Igreja de S. Miguel, também conhecida como Capela de São Miguel do Castelo onde,  de acordo com a lenda,  foi baptizado o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, o que parece carecer de fundamento, dado o templo datar do século XIII. Ainda assim, guarda-se aqui a pretensa pia baptismal que foi utilizada na cerimónia.









Logo ao lado temos o Paço dos Duques de Bragança, impressionante, mais do que não seja, pelo elevado número de chaminés de que dispõe.







Continuando a nossa volta pedonal por Guimarães fomos de seguida onde toda a gente vai, digo eu...























Convento de Santo António dos Capuchos

Igreja de São Dâmaso

Igreja e Oratórios de N. S.ª da Consolação e Santos Passos
Pelo centro continuava a confusão pelo que  rumamos aos altos, por mais uma rampa, agora pela Rampa da Penha, e a mais um Santuário, agora o da Penha, só para desenjoar.









Foi finalmente altura para almoçar, e atendendo a que eram  3 da tarde as carnes frias, que estavam deliciosas, souberam melhor que caviar Beluga.






Almoçamos nas calmas, e nas calmas fomos andando por um misto de nacionais e municipais que nos fizeram passar por uma acesso e pelo final do troço de Stª Quitéria, sempre as Santas e as Igrejas...até chegarmos a Barregas onde outra agradável piscina nos esperava.
Ao jantar nada como provar o verde tinto pela malga apropriada.


Por hoje estava feito, fica o mapa e o filme do dia:













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